domingo, 16 de outubro de 2011

Onde está cumprimento dos requisitos básicos de Acessibilidade ?


A equipe do CIEP  de basquete em cadeira de rodas ás vésperas de mais uma competição: Regional Nordeste que acontecerá em Recife de 19 a 23 deste mês intensificou seus treinos, neste último sábado 15, as equipes fizeram seu último treino antes de embarcar para a competição. O treino aconteceu no Complexo Esportivo do Bairro Industrial, ali embaixo da ponte Aracaju/Barra e toda a ansiedade e entusiasmo dos paratletas foi quebrado pela falta de bom senso e caráter de funcionários de uma empresa de ônibus após o treino ter acabado e a necessidade deles de fazer uso do transporte urbano para voltar para suas casas.

Acabado  treino os paratletas após bastante tempo esperando pelo ônibus adaptado, foram informados que o elevador do mesmo não estava funcionando, até aí tudo bem, a necessidade de ir embora e pelo fato de já estar tarde e eles estarem cansados por conta do treinamento, a frota de ônibus ser reduzida no final de semana, os dois cadeirantes optaram por aceitar serem colocados no ônibus (5412 da empresa São Cristovão/VCA e linha 061 Marcos Freire III Centro - sentido centro)  pela técnica e um outro atleta da equipe (amputado). A paratleta Mayara com seus 65kg foi colocada dentro do ônibus com certa dificuldade e no caso de Ulisses foi bastante complicado, pois o mesmo pesa aproximadamente 100kg e não  podemos esquecer que foi uma mulher e um amputado quem subiu os dois no ônibus. 
Todos à bordo, Mayara disse ao cobrador: - Este elevador está funcionando sim moço, eu peguei esse mesmo ônibus ontem, ele está sem o controle mas dá para fazer "no manual." O ilustríssimo senhor cobrador com toda sua sabedoria e arrogancia afrimou que não tinha tido treinamento na empresa e que não tinha nada de manual, ele não leu o manual e o mesmo não anda com ele no ônibus (tudo bem ela se expressou errado ao falar em fazer "no manual") mas, mesmo após ela repetir diversas vezes e tentar explicar ele foi rude com ela e com Ulisses que ao saber que o elevador não estava quebrado tentou fazer valer seus direitos. Ao chegar no local onde ele ia descer (Terminal do Mercado) o mesmo avisou ao motorista que ia descer e solicitou ao cobrador que manuseasse o elevador e o mesmo se recusou. Primeiro  disse que seria mais rápido se ele descesse da mesma forma que subiu, depois  falou que não sabia mexer. Então Ulisses ligou para a polícia e informou o que estava acontecendo, o motorista recrutou o fiscal  pedindo para que ele fosse no ônibus resolver o problema "desse cidadão" (interessante ele sabia que o Ulisses é um cidadão mas em momento nenhum respeitou os direitos dele como tal).
O fiscal subiu no ônibus e assim como "num passe de mágica" o elevador que estava quebrado (palavras do motorista e cobrador) começou a funcionar. Ulisses que estava ao telefone  com a atendente da polícia, esperou as instruções dela em relação ao que ele deveria fazer (ele não queria descer antes de uma viatura da polícia chegar ao local), Mas após a conversa com a atendente da polícia ele foi instruído a descer e depois ir até a delegacia para fazer um BO.
Depois de todo o constrangimento ao esperar pelo próximo ônibus que Ulisses pegaria para chegar em sua residência o fiscal pegou o rádio e foi fazer alguns contatos sabe-se lá com quem, mas o pior de tudo foi o que aconteceu após o retorno do ônibus ao terminal (o mesmo vai até o terminal do centro e retorna para o Marcos Freire pelo terminal do mercado em poucos minutos). O fiscal foi instruir o motorista a dizer que os deficientes físico estavam todos embreagados e que tentaram agredir a ele e ao cobrador e que não esperaram ao menos eles testarem o equipamento. Mas infelizmente eles esqueceram que apenas um dos cadeirantes desceu do ônibus e não perceberam que dois paratletas e a técnica ainda estavam no terminal e todos presenciaram esse fato rídiculo, principalmente Mayara que ainda se encontrava no ônibus (aí a revolta aumentou, pois era melhor ter esperado a viatura e ter ido para a delegacia dali mesmo como sugeriu um senhor que também se indignou com a situação).
Já havia passado por constrangimentos em relação a acessiblidade nos transportes que é assegurada pela LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. Mas esta além de tudo foi desrespeitosa e humilhante. 
Infelizmente é a realidade mas até quando isso vai acontecer? Não sou deficiente mas convivo com eles e aprendi a conhecer suas limitações, da mesma forma que vejo suas capacidades e potencialidades que muitas vezes são reprimidas por conta de uma sociedade sem informação e sem respeito ao próximo.


 Antes da instrução do fiscal eu não iria divulgar a foto dos mesmos, mas já que eles querem usar de má fé, decidi coloca-las aqui para que todos possam vê-los. Espero que eles não precisem passar pela humilhação que Ulisses e Mayara passaram, eu me indignei, fiquei nervosa e quase chorei e fico imaginando o turbilhão de sentimentos que eles tiveram naquele momento e que têm cotidianamente. Como disse a Ulisses: essa briga agora também é minha.



Todos  que fazem parte do CIEP e os colaboradores sabem do potencial que cada um tem e não podemos e nem vamos nos deixar abalar por conta da falta de educação, respeito e mau caratismo de algumas pessoas. Vamos lá galera erguer a cabeça, procurar fazer valer os direitos de vocês e mostrar para esses infames que ignorantes são eles que não reconhecem o devido valor de cada ser humano.
Ulisses camiseta branca com a bola na mão e Mayara de camiseta vermelha no canto direito





Vanessa Menezes


3 comentários:

  1. O pior que não bebo bebidas alcoólicas, dou palestras contra DROGAS, onde destaco o álcool como primeiro passo para as outras drogas.
    E todos nós vinhamos do treino de Basquete e não de um bar ou de farra.
    REVOLTANTE
    Quando falo o pessoal não acredita, passo por isso todos os dias quando preciso do transporte publico.

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  2. Caramba, nem imaginava q dps do treino ainda rolou tudo isso,
    o chato eh q n foi nem vai ser a unica vez q coisas desse tipo acontece =X
    aee, gostei dessa ultima fto, desse menino com a camisa preta, gatinho ele >;D
    PS: EU (suhsahuas)

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  3. Acabei de ler a nota sobre o preconceito e desrespeito contra os cadeirantes no último sábado. Acho lamentável que comportamentos como esse ainda sejam frequentes, principalmente de "profissionais" (se é que assim podem ser classificados) que trabalham no atendimento ao público. O direito de ir e vir de um cidadão (independente de suas caracterísitcas), não pode ser tolhido por ninguém., mas as pessoas não se dispõem ao exercicio da alteridade, ou a um simples ato de humanidade/solidariedade. Elas optam pela prepotência, arrogância e desrespeito. ACredito que vocÊs agiram da forma correta. Admiro essa técnica que não mede esforços para que o outro esteja sempre bem. Creio que ela se encontrou profissionalmente. Continuem agindo com ética, serenidade, equilíbrio e dignidade, em defesa dos seus direitos, sempre de forma racional. Acreditem, acima de tudo, que as barreiras diárias que vocês enfrentam, são pequenas vitórias que farão vocês cada vez maiores e melhores, acreditem que a pobreza de espírito do outro (numa situação como essa), não é maior do que aquilo que acreditam , nem do potencial que tem. Trilhem com sucesso o caminho que escolheram, sejam sempre melhores do que já são. Sucesso.

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